Avançar para o conteúdo

Hamilton Faria

Clarice

Que mistérios tem Clarice!Que dor no peito suspiraEsta menina longínquaDas águas fundas da morteQue mistérios que minérios!Mulher das vísceras nuasQue se nasce onde se morreClara Clarice ClaraExtrema clara ClariceLuz e sombra. Água ancestral.Ouro das horas ímparesCandeeiro de lento apagarÚltimo abraço… Ler mais »Clarice

cãs

Olho o tempoNo espelhoCom suas cãsDe neblina Olho no olhoDo espelhoMirandoEspectrosEm vão Não seiSe o estranhoNo olhoOu uma vidaInsan Ou se a perguntaSe inverte paraDeter o queVã Anoiteceu a manhã? Será o olhoOu as cãs? Para Carlos Drummond de Andrade… Ler mais »cãs

Canção à maneira de Lorca

Madrecita,Quero ser de terra. Filho,terás muita dor. Madrecita,Quero ser de azul. Filho,terás muita dor. Madrecita,Borda-me em teu avental. Faço jáSem esperar.

borges teresa whalt

o poema exato de Borges borges teresa walt o poema exato de borges esquiva-sedo arrebatamentomisteriosoabstratonão se sabe ondee semorrerásanta teresa d’ávilaoraa se fundircom deuse as metáforaswhitmano velho de barbas longase alma de mulhersolta seus versos em enxurradano coração dos amantese dos compatriotasque os… Ler mais »borges teresa whalt

Baraka

Em GranadaHá um cão agradecido– Muy agradecidoDiz o árabeO queimaram com cigarroO jogaram na rua(era inverno)Um cãozinho mínimo(Negro como a noite)Agora em GranadaHá FedericoHá AlhambraAlbayzínÁrabes andaluzes judeusMouros ouro reis cristãosRuas reinas romanos tourosJardins laranjas olivares muralhasE Barakao cão agradecido Granada,… Ler mais »Baraka

Autobiografia

Tem dia que estouVelhoDia que moçoVerdes rugas mapeiamO rostoDia sou moçoDia velhoTristes rugasQue não meçoDia modernoOutro ancestralVezes angélicoDia carnavalHora vampiroOra castiçalAlgo dinossauroMais: precárioMúltiploConcreto armadoArma letalSempre morroNo final Mas renasço sempreDe um ventre impermanenteEstrelamenteDe um verde fênixDe um outro meuQue não… Ler mais »Autobiografia

aonde

aonde andaráaquela estradaque se perdeu de mimnaqueles passosque caminhavampara aquela vidaque se partiu de mimnaquela estradapasso que me seguiaaté em casae tudo resplandeciano horizonte:passo estrada estrelase uniamalegriaque se expandiaem linha retaaté um ponto                     luminosoe mínimoque me guardavano olholímpido de Deus

Amor em Andaluzia

Ai gitana vem-me logoJá é hora do amorTuas vestes de prataTua nudez de carmimAi papoula desnuda!Ai cabelos de alecrimAi cigana de negro suorAi cheiro de jasmim!Ai Carmem suas uvas!Gruta de escuro algodãoLábios grandes bicos de galoE formosas guitarrasAi amada gitanaD’outra… Ler mais »Amor em Andaluzia

A Morte do Pai

O pai morreuTrês dias de nojoEu não sabia que luto era nojoPara mim nojo era outra coisaAlgo que se cuspiaFranzindo o rostoO pai morreuEu amava o paiE vivia três dias de nojo Naquele diative pena de mimE das palavras