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Hamilton Faria

Polska

“Não sei o papel que desempenho.Só sei que é meu, impermutável”.Wislawa Szymborska

Poemas no ar

Conheço uma forma de amar:Escrever poemas no ar Sem olhos e sem pernas:Escrever poemas no ar Portas de asas em par:Escrever poemas no ar Aprender a navegar:Escrever poemas no ar No livro ou no mar:Escrever poemas no ar Viver —… Ler mais »Poemas no ar

Quintares

O menino saiu para o quintalOlhou seus sete gatos pequenosO pinheiro inaugurando o céuPitangas felizes amando bananeirasOlhou a mãe trabalhando no tanqueCantando La Paloma com voz de capinzalEnquanto as roupas riam desfraldadasEntão matou todas as pragasEspantou os ratos Rasgou gaiolas… Ler mais »Quintares

Palavras úteis

Viver é esperançador!Pra que tanta azuleza, senhor dia?Para aprender é preciso muita prazerosidade.Tenho certeza, é um tempo enceguecedor.A simpleza é uma virtude alta.Nasci ensonhado, morrerei sonhante.Após viverei o mistério do ensonhamento.Brutez é a derrota da linguagem me ensina o poeta… Ler mais »Palavras úteis

Os crisantemos de Cecília

Sujemos e crisantemosQue magnífica rimaAmada Cecília! Na aurora do milênioNa ausência de liberdadeMe permitoÀ maior de todas:A liberdade poéticaComo HuidobroDeclaroO direitoDe ver um rebanhoDe ovelhasNo arco-íris Amada CecíliaQue ninguém sujeOs teus crisantemosOs teus pés amadosDe pássaros floridosA tua língua d’onde… Ler mais »Os crisantemos de Cecília

odeáguas

_________ao rio Negroáguas de ondeo céu se escondepor trás dos montes nas tuas telasdesenho nelasum mar de águas que se evaporano lá de longeonde não háhoje ou ontem águas que montescavalgam horizontes?e onde o solse põe contentedizendo adeusao dia errante… Ler mais »odeáguas

o sonho das coisas

breton não visionouo sonho das palavrasdali não vaticinou cores e formasocultas no mundoa infância sim é que era surrealpitangas – como noivas mortasdesfilavam nas carroçaspinheiros oravam no sonho dos pardaissapos inflavam-se de orgulhoao pronunciar os nomes da noitea cadela Violeta… Ler mais »o sonho das coisas

O guardador de Julibia

Pai guardava palavras no armárioAibil, o tio, guardava canções no imaginárioSeu Alexandre, o vizinho, guardavaAs orquídeas no orquidárioPadre Olindo Mugnol guardava relíquias no sacrárioMenino guarda mãe no julibiárioE ali fica lá pra ser de sempre!

o espelho e o tempo

ontem olhei no espelho de relancee nada gostei do que vivitalvez o tempo eu não mais alcancepois também não gostei do que morritempo pedra – se desfaz de lento –eis a dura intempérie inelutávelaté uma árvore sem folhas e sem… Ler mais »o espelho e o tempo

O cão polaco

O cão polaco abana o rabosem saber de nadao que se passou em Varsóviade pólvoralágrimasmuros — o General Inferno — Sem saber da flor da PomerâniaSem saber — “é melhor morrerde vodka do que de tédio” —Sem saberPátrias esfumam-senos mapasO… Ler mais »O cão polaco