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Hamilton Faria

mitos

qual a distânciaentre o ser e o inteiroo voo?ou o triste destinode Ícaro?

magia

morre o amor na última vértebra da línguadepois – o silêncio que só os vivos entendem: a dorentão renascemosé sempre assima mágica dos dias

luzistir

correr para onde se a vida é braçose não posso mais fugir de Ti?e a toda existência é luzque caminha ao infinitoe o infinito devoraa dor e o minério

origem

ainda não sei de que barro sou feitosei que é de um minério quase Deusque me faz tão terra e mais estrela

mnemosine

o detalhedo rostona distânciailuminavao sonhoda deusade Atenasque vinhado mais fundodas erasdo abismoda memóriapara a luzextremadas palavrasque cantam

ruas

breve pausadorme o meninoa vida está salva

Quando o reino da espiga

Quando o vento trouxer as tuas víscerasE a tua palavra amanhecer na memória dos meninosTuas laranjas orgulhosas e a tua línguaenfurecidaPovoarão as manhãs do espantoE as forças de todas as dores se renderãoAo reino da espiga para Federico Garcia Lorca

presença

mãe era quintalpai palavramãe alimentava avidacom pão e chuvapai nomeava o inomeávele nascia o sonoe a sededaágua espantadae com o amarelo dos pãespintávamos a casaa almaea presença