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o sonho das coisas

breton não visionou
o sonho das palavras
dali não vaticinou cores e formas
ocultas no mundo
a infância sim é que era surreal
pitangas – como noivas mortas
desfilavam nas carroças
pinheiros oravam
no sonho dos pardais
sapos inflavam-se de orgulho
ao pronunciar os nomes da noite
a cadela Violeta bebia leite
nos peitos de Maria louca
debruçada no canto das tardes
moscas inebriadas de cedro
dançavam no rosto dos mortos
pai atravessava facas no duro
sono das palavras
e na sua vida sem encantorias
a infância:
o mais real dos meus alumbramentos

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