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Em Wislawa Szymborska

(Conversa conversos – de Wislawa Szymborska )
E assim componho aos pedaços
A quem se destina o teu puro traço

— Por falta de eternidade
Bato à porta da pedra.
Esquecem-se de que isso não é a vida.
É a guerra, você tem que escolher.
Tua aldeia ainda existe?
Talvez o tempo de piscar de uma galáxia pequenina!
O ressuscitar dos mortos das cenas de batalha.
A incorrigível disposição de amanhã começar de novo.
Ao cair do telhado desço de manso na relva.
Me desculpe o tempo pelo tanto de mundo ignorado por segundo.
É concebível que meus olhos estivessem abertos.
Era para se chegar à primavera e à felicidade.
Nada mudou, além do curso dos rios.
A relva cobriu as causas e os efeitos.
Porque afinal cada começo é só continuação.

Wislawa — perdão —
Te vou compondo de teus pedaços
Como quem anseia o inteiro traço.

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