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Amor em Andaluzia

Ai gitana vem-me logo
Já é hora do amor
Tuas vestes de prata
Tua nudez de carmim
Ai papoula desnuda!
Ai cabelos de alecrim
Ai cigana de negro suor
Ai cheiro de jasmim!
Ai Carmem suas uvas!
Gruta de escuro algodão
Lábios grandes bicos de galo
E formosas guitarras
Ai amada gitana
D’outra vida que não sei
Joga a toalha molhada
No amarelo das laranjas
Venha com tuas luas inchadas
Tuas ancas musgo verde
Como égua de ginete
Na arena sem sangue
Sem touro e sem toureiro
Uma arena de videiras
E luas e olivais
Venga então em paz
Ciganita pelos ramos
Chegue entonces devagar
Do princípio das maçãs
Sem relógio de ouro
Sem brincos de prata
Sem moedas de puro cobre
Sem lantejoulas de suor
Mas com tua noite Andaluz
E tua lua de trigo
O teu suspiro de água
Quando chega a manhã
Olhe a lua de tetas
Sobre o mar sem toureiros
Olhe a lua de tetas
Sobre o sol das bocas loucas
E sobre a areia escaldante – um ciclope de agosto
Aqui ó gitana linda
Aqui ó prantos d’amor
Aqui ó lua impossível
Venham teus touros limpos
E os ímpios toureiros da dor
Venga gitana linda
Lança tuas frutas maduras
Nas águas dos amantes
Na dor dos homens simples
Ó gitana sopre o amor
Nas minhas duras esporas
Na louca Espanha dorida
Nas pálpebras que se fecham
Na minha faca sem dono
Na minha arena de luas
Vem a noite
Carmencita dança na roda de estrelas
Vem a noite
Carmencita sopra teu vento no ouvido
E meu mar se levanta
A saudar tua estrela
Vem a noite Carmencita
E o teu ventre se agranda
Como uma fruta de luas
E seixo d’água redonda
Vem gitana ó gitanita
Tua árvore de dedos
E palavras que sussurram
Conchas nos ouvidos
Vem a noite Carmencita
E teu abraço se espanta
Entre muros e amor
Do teu céu Andaluz

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